sexta-feira, 26 de setembro de 2014

21 - Planejamento, execução e avaliação

Esse texto foi publicado anteriormente no Blog Terra em 25/2/2009
Cipriano Luckesi
  

O ato de avaliar, compreendido operacionalmente como “investigar a qualidade dos resultados de nossa ação, tendo em vista intervir para sua melhoria”, está presente em todos os nossos atos, pois que nenhum ser humano, por si, aposta no insucesso de sua ação, até mesmo aqueles que agem de modo moralmente escuso desejam que seus atos produzam resultados positivos (positivos para eles, ainda que em detrimento dos outros)

Assim sendo, o ato de avaliar é plenamente humano, até mesmo de modo espontâneo, fazendo parte do cotidiano de cada um de nós em todas as nossas ações.

Porém, intencionalmente, buscamos resultados planejados. Neste caso, os atos de avaliar também subsidiam a busca de resultados positivos, contudo também de forma intencional e planejada. Os atos avaliativos acompanham os modos de agir. Numa ação espontânea, ela é espontânea; numa ação intencional, ela é intencional.

Planejar significa clarear desejos, ou seja, definimos com clareza e precisão os resultados que desejamos obter. Na escola, infelizmente, planejamento tem sido sinônimo de “preenchimento de formulário”. No início do ano letivo, usualmente, as escolas, através de seus diretores, coordenadores, supervisores, exigem que seus professores façam o planejamento do ensino do ano letivo.

Então, é distribuído um formulário que contém várias colunas: objetivos, conteúdos, atividade de ensino, tempo, atividades de avaliação.  Usualmente, esse formulário, na semana pedagógica, começa a ser preenchido pela coluna dos “conteúdos”, através de uma transcrição do índice do livro didático. A seguir, os objetivos são inventados em conformidade com os conteúdos, e assim por diante… Isso significa preencher formulário e não planejamento.

Planejar significa clarear o desejo do que se quer obter como resultado positivo. Sem essa clareza do que se quer, como ponto de chegada, não se chegará a lugar algum. Evidentemente que o desejo clareado necessita de ser acompanhado da definição do conjunto de ações que fará dele uma realidade. Clareado o desejo, traça-se o modo, o caminho de como atingi-lo.

Os resultados desejados não serão atingidos sem uma ação efetiva, que os produza. Muitas vezes, o ato de planejar se encerra nele mesmo. Diz-se que “quando desejamos verdadeiramente alguma coisa, o universo se coloca a nosso favor”. Acredito que o “universo se coloca a nosso favor, quando clareamos o que desejamos e agimos para concretizá-lo”. Sem uma ação efetiva, nossos desejos permanecerão tão somente como desejos, nada mais que isso.

Existe aquela situação cotidiana, onde alguém diz: “Gostaria tanto de um dia ganhar na Mega Sena. Gostaria muito que Deus me ajudasse nisso”. Então, lhe perguntamos: “Você joga sempre na loteria?” E a pessoa nos responde: “Nunca…” Se quer que Deus ajude, pelo menos deve dar uma ajudazinha a Deus: apostar! Sem ação efetiva, não há possibilidade de nenhum resultado positivo.

Mas, ação planejada, sem acompanhamento, pode chegar a resultados que não desejamos. Toda ação, para atingir, os fins desejados, necessita de um rigoroso acompanhamento.

Assim sendo, a ação planejada exige uma prática avaliativa intencional e planejada, ou seja, exige cuidados metodológicos na proposição dos atos avaliativos, na seleção dos instrumentos que permitirão coletar os dados necessários para a avaliação; exigirão cuidados metodológicos na construção dos instrumentos, na sua aplicação, assim como na leitura dos resultados obtidos e na reorientação das atividades.

A atividade de avaliativa é uma atividade investigativa, o que significa que ela produzconhecimento sobre a realidade dos resultados de nossa ação. Deste modo, o ato de avaliar exige cuidados metodológicos científicos. No caso de ações planejadas, a avaliação também necessita de ser cientificamente planejada e executada com o mesmo rigor.


Nos textos anteriores deste blog, assim como nos artigos do site www.luckesi.com.br, o leitor encontrará compreensões e sugestões de como agir com cuidados científicos na prática da avaliação da aprendizagem.







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